Já poucos duvidam que as energias renováveis são a aposta do futuro energético, mas o seu aproveitamento ainda tem muito espaço para melhorias em termos de fiabilidade. As energias renováveis farão parte do nosso futuro podem se tornar muito mais eficientes graças à tecnologia da inteligência artificial.
A inteligência artificial é postulada como uma das tecnologias mais disruptivas. Muitos chamam a inteligência artificial de “a nova eletricidade” por causa de suas implicações para a otimização industrial em muitos setores: o elétrico e das energias renováveis.
Gerenciar a energia do futuro com metodologias e ferramentas do passado não parece ser a melhor forma de tirar partido desta energia, pelo que muitas comercializadoras de eletricidade já estão iniciando a aplicação da inteligência artificial, através de ferramentas desenvolvidas e incorporadas na aprendizagem automática (machine learning) para controle na demanda e produção de energias renováveis.
A inteligência artificial já demonstrou sua capacidade de otimizar e gerenciar processos em uma ampla variedade de campos. Desde o aprimoramento que a inteligência artificial proporciona na gestão do transporte e do trânsito nas grandes cidades, até à economia de bateria, como é o caso dos smartphones de algumas marcas bem conhecidas e que integram a inteligência artificial em seu processador.
A variabilidade da natureza
Diga que ninguém sabe para onde o vento vai soprar. Não é uma afirmação retórica sobre o futuro das renováveis, é uma realidade que pesa muito na geração de energias renováveis e a torna um valor instável.
Os fatores climáticos são fatores imprescindíveis para geração das energias renováveis, e por isso, vão influenciar a produtividade energética, já que ao contrário do que acontece com o consumo elétrico, não é uma variável constante.
Embora a localização das usinas geradoras seja escolhida após exaustivos relatórios meteorológicos e ambientais nos quais a estabilidade dos recursos é levada em consideração, com mais dias de insolação por ano no caso das usinas solares ou maior incidência de correntes no caso de parques eólicos, é impossível manter uma usina ativa com desempenho máximo 365 dias por ano.
A tecnologia artificial tem como característica principal antecipar, por exemplo, a queda de produção de eletricidade com a demanda do consumidor para equilibrar a quantidade de energia armazenada no sistema. Só assim é possível contornar cortes de eletricidade ou que a energia falhe em determinados sítios, onde nem sempre é possível fazer chegar a energia apenas através das renováveis.
Inteligência artificial que leva em consideração o autoconsumo
Em termos gerais, a energia gerada por meio de recursos fósseis é muito mais fácil de gerenciar do que a energia renovável. Basicamente porque não há autoconsumo e os valores de produção e demanda eram previsíveis. Por outro lado, as energias variáveis não são apenas mais imprevisíveis na sua produção, mas também mais imprevisíveis no seu consumo.
Qualquer usuário pode ter um painel solar no telhado de sua casa e cobrir suas necessidades de energia durante a maior parte do ano, sem ter que ir ao sistema de distribuição de energia elétrica nem ter de fazer um contrato de luz.
O que acontece quando as condições ambientais não permitem produzir a quantidade de energia necessária para os usuários que normalmente geram sua própria energia? Muito provavelmente, irá para o sistema de distribuição para suprir essa necessidade, e todos os usuários daquela área farão exatamente o mesmo, colocando as estimativas de consumo das operadoras de eletricidade em sérios problemas.
A análise de dados disponibilizados pelo Big Data, que por sua vez é utilizado pela inteligência artificial, tem a capacidade de fazer previsões com 36 horas de antecedência para saber em que locais haverá uma descida de produção de energia renovável e os possíveis picos de consumo que irão ocorrer. Só assim as empresas de eletricidade podem agir mais rapidamente, e aumentarão a produção com melhores condições climáticas para compensar essa perda noutros locais.
Os algoritmos de inteligência artificial levam em consideração os padrões e tendências do clima para prever em quais áreas geográficas a intensidade do vento ou do sol será reduzida e, portanto, em quais áreas haverá menos produção de energia renovável e a demanda aumentará elétrico.
Com esses dados, a inteligência artificial consegue gerenciar o aumento da produção nas usinas de energia renovável que apresentam melhores condições climáticas naquela época, com o objetivo de equilibrar a quantidade de energia elétrica que é mantida no sistema de distribuição elétrica.
Este sistema de gestão variável e inteligente permite compensar em tempo real as alterações ambientais, otimizando a produção de energia limpa e dispensando o reforço que até agora se baseava na utilização de combustíveis fósseis para gerar a eletricidade necessária com urgência para cobrir os picos de procura. As energias renováveis do futuro serão mais eficientes devido à inteligência artificial.
A inteligência artificial já gerencia seus recursos de energia diariamente
O modelo de melhoria na gestão de energia que os sistemas de inteligência artificial permitem não é algo teórico ou que já não está sendo desenvolvido em outras áreas. Na verdade, você pode usá-lo diariamente em seu smartphone e já até já está sendo integrado aos mais recentes smartphones da gigante Huawei.
O gerenciamento de energia de um telefone celular é um aspecto crucial para a experiência do usuário e está limitado à capacidade de sua bateria. Por isso é importante adaptar o seu uso para que o consumo seja reduzido quando não for utilizado e economizar essa bateria para quando o usuário realmente precisar. É exatamente isso mesmo que a otimização que a inteligência artificial faz nas energias renováveis.
A aprendizagem automática, que permite detectar padrões climáticos para prever quando haverá queda na produção de energia e aumento no consumo, também é aplicado aos telefones da Huawei. Esses celulares aprendem o comportamento do usuário e ajustam o consumo de energia do celular, reduzindo-o ao máximo quando não está em uso, e antecipando os horários de maior utilização, ativando as funções que o usuário mais utiliza nos horários em que costuma utilizá-lo. Otimização e adaptação, a chave para tornar as energias renováveis do futuro muito mais eficientes graças à inteligência artificial.